Assassinato em Simões Filho: Trágica Morte de Bernadete Pacífico e os Bastidores do Poder Paralelo
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Foto: Divulgação |
A Polícia Civil da Bahia concluiu, em 16 de novembro de 2023, as investigações sobre o assassinato de Bernadete Pacífico, ialorixá e figura central no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador. O caso, que abalou o país, revelou o envolvimento de uma complexa teia criminosa: a liderança quilombola teria sido morta a mando de um chefe do tráfico local.
A História de Bernadete Pacífico
Bernadete Pacífico era mais do que uma líder espiritual e religiosa. Representava a luta pelos direitos da comunidade quilombola, um grupo formado por descendentes de africanos escravizados que resistiram ao longo dos séculos para manter vivas suas tradições e reivindicar direitos territoriais e sociais. Sob sua liderança, o Quilombo Pitanga dos Palmares se tornou um símbolo de resistência cultural e política, recebendo apoio de organizações nacionais e internacionais.
Sua morte, em agosto de 2023, deixou a comunidade devastada e expôs as tensões crescentes entre as forças do tráfico de drogas e as lideranças comunitárias que lutam por direitos e dignidade em territórios marginalizados.
A Dinâmica do Crime
De acordo com a Polícia Civil, Bernadete foi assassinada em sua própria casa, um ato que causou comoção nacional. A investigação revelou que o mandante do crime era um líder do tráfico de drogas que controlava a região. O motivo do assassinato estaria ligado a conflitos de poder: Bernadete era vista como uma ameaça ao domínio do grupo criminoso, devido à sua liderança ativa e à sua postura firme contra a violência que afligia o quilombo.
Relatos indicam que o tráfico buscava ampliar sua influência na comunidade, mas enfrentava resistência das lideranças locais. Bernadete, conhecida por sua voz ativa e articulação política, representava um obstáculo ao avanço dessas práticas ilícitas.
O Contexto Social do Quilombo
O Quilombo Pitanga dos Palmares, como muitos territórios quilombolas no Brasil, enfrenta desafios históricos. A falta de segurança pública, a precariedade das políticas de regularização fundiária e a ausência de infraestrutura básica tornam essas áreas vulneráveis à atuação de grupos criminosos.
Lideranças como Bernadete desempenham um papel crucial ao resistir às tentativas de exploração e ao mobilizar a comunidade para reivindicar direitos. Esse protagonismo, no entanto, frequentemente as coloca em risco.
Repercussão e Reações
A morte de Bernadete gerou grande indignação. Movimentos sociais, políticos e culturais manifestaram solidariedade à comunidade do Quilombo Pitanga dos Palmares, exigindo justiça e segurança para lideranças quilombolas em todo o Brasil.
Organizações de direitos humanos ressaltaram que o caso evidencia a necessidade urgente de proteger lideranças comunitárias que enfrentam ameaças em razão de seu trabalho. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também foi acionada para acompanhar a situação, destacando o dever do Estado brasileiro de garantir a segurança de ativistas e lideranças quilombolas.
A Conclusão das Investigações
Com a conclusão das investigações, a Polícia Civil encaminhou o inquérito ao Ministério Público, que deverá oferecer denúncia contra os envolvidos. A expectativa é que o caso se torne um marco na luta contra a impunidade em crimes envolvendo lideranças comunitárias.
Reflexão Final
O assassinato de Bernadete Pacífico é mais do que um ato de violência: é um ataque a toda uma comunidade que luta por reconhecimento, dignidade e direitos. O caso lança luz sobre a vulnerabilidade das lideranças quilombolas em um cenário marcado por disputas de poder e negligência estatal.
Enquanto a justiça segue seu curso, a memória de Bernadete permanece viva, inspirando não apenas o Quilombo Pitanga dos Palmares, mas todos aqueles que acreditam em um Brasil mais justo e igualitário.
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